quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Ecólogo de Rio tinto explica a importância de se preservar as cobras

O Ecólogo Carlos Eduardo Germano popularmente conhecido por "Duda" que recentemente foi aprovado para o curso de Mestrado em Ecologia aqui no Campus IV da UFPB em Rio Tinto-PB, gentilmente falou de suas pesquisas acadêmicas e que estas investigações científicas podem contribuir com as questões socioambientais presentes me nosso município. Abaixo segue uma pesquisa sobre as serpentes que popularmente são conhecidas por "cobras".

A IMPORTÂNCIA DE SE PRESERVAR AS COBRAS

            A importância que as cobras possuem é um valor bastante desconhecido, visto que a população não dispõe de informações adequadas e essenciais sobre esses indivíduos, o que permite que a visão equivocada se transmita de gerações em gerações.
            As serpentes (ou cobras como são popularmente conhecidas) pertencem à classe dos répteis e é um dos grupos de animais mais diversificados e distribuídos no globo terrestre. O Brasil possui atualmente 381 espécies segundo a Sociedade Brasileira de Herpetologia (SBH). Por se tratar de animais com uma morfologia única, corpo alongado e sem membros, as serpentes se diferenciaram e se adaptaram para viver nos mais variados ambientes, sendo encontradas em todos os continentes com exceção dos polos “gelados”.
            Existem espécies que são arbóreas ou semi-arbóreas, terrestres, aquáticas ou semi-aquáticas, fossoriais (cavam seus próprios buracos no solo) e criptozoica (vivem embaixo de restos vegetais no solo ou utilizam buracos pré-existentes). Todas as serpentes são carnívoras e se alimentam de uma grande variedade de presas vivas como anfíbios (sapos, rãs, pererecas...), mamíferos (ratos, macacos, morcegos...), Aves, invertebrados (insetos, lesmas...), entre outros, inclusive de outras cobras.
Mas porque não devemos matar as cobras? O temor a esse animal é tão antigo quanto a existência das civilizações. A própria bíblia faz referências hostis. Entretanto, como todo animal silvestre, as serpentes também exercem o seu papel ecológico, além de social e cultural. Além de servir de alimento para uma gama de predadores, elas são responsáveis pelo controle populacional de animais que podem oferecer riscos sanitários ou econômicos caso tornem-se pragas (aumento descontrolado no número de indivíduos) como algumas espécies de insetos para a agricultura e de ratos para os humanos, por exemplo. Além disso, o veneno produzido por esses animais serve de matéria-prima para muitos medicamentos da indústria farmacêutica e outros tratamentos de saúde.
A região nordeste sempre foi muito pouco estudada a respeito desse grupo. Na Paraíba, alguns levantamentos de espécies foram produzidos até a década passada. No entanto, hoje existe um grande esforço de pesquisadores para se conhecer melhor esses animais. Rio Tinto e Mamanguape abriga um alto número de espécies de cobra, porém, para acalmar os mais temerosos, a grande maioria delas é inofensiva aos humanos. O grande problema é que com o avanço da sociedade na destruição de seus ambientes naturais, as poucas espécies de importância médica (que pode causar danos ao ser humano), também conhecidas como espécies peçonhentas, vêm se adaptando muito bem aos ambientes antrópicos e são facilmente encontradas nos quintais de residências, praças, ruas, etc. Em um trabalho realizado na Paraíba em 2004, sobre acidentes com Jararacas, Rio Tinto ocupou o segundo lugar, perdendo apenas para a capital João Pessoa.
As espécies de importância médica conhecidas e já capturadas para os dois municípios são: a Jararaca de rabo branco, a coral verdadeira, a cobra verde de jardim e a corre campo (nomes comuns).

Jararaca (Bothrops leucurus).

Coral verdadeira (Micrurus ibiboboca).
Cobra verde (Philodryas olfersii).
Corre campo (Philodryas nattereri).



A população deve mudar a sua visão sobre um animal que, devido a questões culturais centenárias e possuir uma aparência não muito atraente, sofre constante ameaça. Preservar as serpentes é uma questão de saúde pública e contribui para melhorar a economia, pois elas podem controlar as populações de pragas, e assim, há uma redução no uso de inseticidas na agricultura, por exemplo.

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