ECOPEDAGOGIA:
OS PROJETOS AMBIENTAIS DESENVOLVIDOS PELA ESCOLA MARIA LÚCIA EM MAMANGUAPE - PB
Sidnei Felipe da Silva
Mestrando do Programa de Pós-Graduação
em Geografia
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Introdução
A
Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Lúcia, está situada na zona rural
do município de Mamanguape, localizado no litoral setentrional paraibano. Neste
estabelecimento de ensino desenvolveu-se no período de 2005 à 2008, políticas
pedagógicas voltadas para as práticas de preservação do meio ambiente,
destacando-se o PRMC (Projeto de Recomposição da Mata Ciliar do Rio Mamanguape)
e o Projeto Horta Escolar. Este estabelecimento de ensino é mantido por uma
parceria entre o poder público, através da Prefeitura Municipal de Mamanguape e
a iniciativa privada, com o apoio essencial da Usina Monte Alegre.
Desenvolvimento
O
problema ambiental constatado nos tabuleiros é o cultivo da cana-de-açúcar, que
atinge as margens do rio Mamanguape, não sendo poupadas, sequer, as matas
ciliares. Os ingazeiros representam a vegetação mais característica deste
ecossistema. De acordo com Andrade (1997),
o rio é temporário até onde chega a influência das marés
oceânicas e, em seu leito, mesmo a jusante da Usina Monte Alegre, existem
afloramentos do complexo. A erosão lateral é intensa e grandes são as cotas de
sedimentos trazidos ao rio que assoreia cada vez mais o leito.
Atualmente
existe uma enorme preocupação com a degradação ambiental que ocorre no rio
Mamanguape, um problema visível é o processo erosivo de suas margens, que
caracteriza o assoreamento do rio, ou seja, é o transporte da terra fértil e
dos materiais pesados, que são depositados no fundo dos rios e lagos,
comprometendo a sua profundidade, certamente este fenômeno está ligado à falta
de vegetação nativa que antes absorvia a água. (VASCONCELOS &
GEWANDSZNAJDER, 1983).
A
Usina Monte Alegre desenvolve o PRMC – Projeto de Recomposição da Mata Ciliar
do Rio Mamanguape e tem como principal meta salvar as margens do referido rio,
nas áreas pertencentes à empresa.
De
acordo com o pensamento e a metodologia de Penteado Jr (1985), levar os alunos
para uma aula de campo no PRMC, foi muito importante, pois, conforme o mesmo,
sempre que seja possível, é preferível a forma de
excursão, para o estudo da geografia. (...) E isso não é perder tempo. A arte
de ensinar, já disse alguém, é a arte de saber perder tempo. Aquilo que a
criança aprender pela observação direta, em situação de vida e com prazer, não
esquecerá jamais. Se o gasto de tempo é grande, aprendizagem se torna mais
eficiente que o simples decorar. (...) Não se deve ficar, porém, no simples observar.
É preciso provocar a elaboração mental dos fatos e depois o trabalho de
expressão, pelos múltiplos recursos da escrita, da exposição oral. (...) Ao
voltar, pois, da excursão os alunos farão trabalhos de descrição, de exposição
oral que deverão ser analisados, discutidos, apreciados (PENTEADO JR,1985).
Em 2005,
a empresa iniciou o reflorestamento das margens do rio, sendo necessário
reflorestar 30 metros
de faixa, entre as margens do rio e as plantações de cana-de-açúcar.
Entre 2006 e 2008, A empresa entregou aos
alunos mudas de vegetação nativa, e os próprios alunos promoveram um grande
mutirão de reflorestamento, onde percorreram aproximadamente 1000 metros da área do
projeto.
Em
janeiro de 2007, ocorreu a implantação do Projeto Horta Escolar, fruto de um
convênio firmado entre a Prefeitura Municipal de Mamanguape-PB e a Transpetro
em parceria com a Usina Monte Alegre e a EMATER/PB, visando contribuir para a
melhoria do ensino através da prática pedagógica conhecida como Horta Viva, e que também visava incentivar a agricultura
familiar nas comunidades no entorno das escolas.
A
metodologia do projeto é
desenvolvida por Horta Viva - Consultoria Ambiental, uma empresa especializada na área de educação ambiental
com larga experiência na implantação e desenvolvimento de projetos em
comunidades, empresas privadas e públicas, órgãos governamentais, ONGs e
instituições de ensino.
Na
metodologia Horta Viva, o espaço da horta passa a ser entendido como um espaço
de vida, de relações naturais e humanas, de conhecimentos populares,
científicos, artísticos e religiosos, de descobertas técnicas e práticas e de
aprendizagem concreta, lúdica e científica.
A
horta desperta muita curiosidade nos alunos, sendo dessa maneira um excelente
instrumento pedagógico para ser utilizado nas práticas educativas pelos
professores. Nesse sentido, ela não pode ser vista na escola como algo à parte
da sala de aula. Para isso foi e é fundamental o papel dos professores no
desenvolvimento de projetos que envolvam alunos, horta e escola. E os projetos
realizados em 2007 e 2008, foram publicados no livro “Colhendo frutos”.
Conclusão
É
se Inspirando nas idéias de Paulo Freire para a educação articulada às
propostas de Fritjof Capra, Gadotti (2000) que indicamos a “ecopedagogia” como
forma de fazer educação, tendo a “terra” como paradigma, e a sustentabilidade
como principio educativo. Anuncia a reflexão política e o compromisso com os
oprimidos como fundamentos do pensar e fazer a educação ambiental.
(TOZONI-REIS, 2004).
Finalmente,
o importante é desenvolver nos alunos uma postura crítica em relação as
informações que eles possuem sobre o tema. A partir daí, a visão deles sobre
questões ambientais se tornará mais ampla e, portanto, mais segura diante da
realidade vivenciada.
Referências
ANDRADE,
M. C. O Rio Mamanguape. João Pessoa:
Editora Universitária, 1997.
PENTEADO JR, O. A. “O ensino da geografia”. In: Revista Orientação nº 6. Resgatando
textos antigos. São Paulo: Instituto de Geografia/Departamento de Geografia – Universidade
de São Paulo, novembro, 1985, p. 113-121.
VASCONCELOS, J. L; GEWANDSZNAJDER, F. Programas de Saúde. São Paulo: Ática,
1983.
TOZONI-REIS, M. F. C. Educação Ambiental: natureza,
razão e história.
Campinas: Autores Associados, 2004.
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