sábado, 19 de maio de 2012

A Ecopedagogia

ECOPEDAGOGIA: OS PROJETOS AMBIENTAIS DESENVOLVIDOS PELA ESCOLA MARIA LÚCIA EM MAMANGUAPE - PB

Sidnei Felipe da Silva
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)


Introdução
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Lúcia, está situada na zona rural do município de Mamanguape, localizado no litoral setentrional paraibano. Neste estabelecimento de ensino desenvolveu-se no período de 2005 à 2008, políticas pedagógicas voltadas para as práticas de preservação do meio ambiente, destacando-se o PRMC (Projeto de Recomposição da Mata Ciliar do Rio Mamanguape) e o Projeto Horta Escolar. Este estabelecimento de ensino é mantido por uma parceria entre o poder público, através da Prefeitura Municipal de Mamanguape e a iniciativa privada, com o apoio essencial da Usina Monte Alegre.

Desenvolvimento
O problema ambiental constatado nos tabuleiros é o cultivo da cana-de-açúcar, que atinge as margens do rio Mamanguape, não sendo poupadas, sequer, as matas ciliares. Os ingazeiros representam a vegetação mais característica deste ecossistema. De acordo com Andrade (1997),
o rio é temporário até onde chega a influência das marés oceânicas e, em seu leito, mesmo a jusante da Usina Monte Alegre, existem afloramentos do complexo. A erosão lateral é intensa e grandes são as cotas de sedimentos trazidos ao rio que assoreia cada vez mais o leito.

Atualmente existe uma enorme preocupação com a degradação ambiental que ocorre no rio Mamanguape, um problema visível é o processo erosivo de suas margens, que caracteriza o assoreamento do rio, ou seja, é o transporte da terra fértil e dos materiais pesados, que são depositados no fundo dos rios e lagos, comprometendo a sua profundidade, certamente este fenômeno está ligado à falta de vegetação nativa que antes absorvia a água. (VASCONCELOS & GEWANDSZNAJDER, 1983).
A Usina Monte Alegre desenvolve o PRMC – Projeto de Recomposição da Mata Ciliar do Rio Mamanguape e tem como principal meta salvar as margens do referido rio, nas áreas pertencentes à empresa.
De acordo com o pensamento e a metodologia de Penteado Jr (1985), levar os alunos para uma aula de campo no PRMC, foi muito importante, pois, conforme o mesmo,
sempre que seja possível, é preferível a forma de excursão, para o estudo da geografia. (...) E isso não é perder tempo. A arte de ensinar, já disse alguém, é a arte de saber perder tempo. Aquilo que a criança aprender pela observação direta, em situação de vida e com prazer, não esquecerá jamais. Se o gasto de tempo é grande, aprendizagem se torna mais eficiente que o simples decorar. (...) Não se deve ficar, porém, no simples observar. É preciso provocar a elaboração mental dos fatos e depois o trabalho de expressão, pelos múltiplos recursos da escrita, da exposição oral. (...) Ao voltar, pois, da excursão os alunos farão trabalhos de descrição, de exposição oral que deverão ser analisados, discutidos, apreciados (PENTEADO JR,1985).

Em 2005, a empresa iniciou o reflorestamento das margens do rio, sendo necessário reflorestar 30 metros de faixa, entre as margens do rio e as plantações de cana-de-açúcar.
 Entre 2006 e 2008, A empresa entregou aos alunos mudas de vegetação nativa, e os próprios alunos promoveram um grande mutirão de reflorestamento, onde percorreram aproximadamente 1000 metros da área do projeto.
Em janeiro de 2007, ocorreu a implantação do Projeto Horta Escolar, fruto de um convênio firmado entre a Prefeitura Municipal de Mamanguape-PB e a Transpetro em parceria com a Usina Monte Alegre e a EMATER/PB, visando contribuir para a melhoria do ensino através da prática pedagógica conhecida como Horta Viva, e  que também visava incentivar a agricultura familiar nas comunidades no entorno das escolas.
A metodologia do projeto é desenvolvida por Horta Viva - Consultoria Ambiental, uma empresa especializada na área de educação ambiental com larga experiência na implantação e desenvolvimento de projetos em comunidades, empresas privadas e públicas, órgãos governamentais, ONGs e instituições de ensino.
Na metodologia Horta Viva, o espaço da horta passa a ser entendido como um espaço de vida, de relações naturais e humanas, de conhecimentos populares, científicos, artísticos e religiosos, de descobertas técnicas e práticas e de aprendizagem concreta, lúdica e científica.
A horta desperta muita curiosidade nos alunos, sendo dessa maneira um excelente instrumento pedagógico para ser utilizado nas práticas educativas pelos professores. Nesse sentido, ela não pode ser vista na escola como algo à parte da sala de aula. Para isso foi e é fundamental o papel dos professores no desenvolvimento de projetos que envolvam alunos, horta e escola. E os projetos realizados em 2007 e 2008, foram publicados no livro “Colhendo frutos”.

Conclusão
É se Inspirando nas idéias de Paulo Freire para a educação articulada às propostas de Fritjof Capra, Gadotti (2000) que indicamos a “ecopedagogia” como forma de fazer educação, tendo a “terra” como paradigma, e a sustentabilidade como principio educativo. Anuncia a reflexão política e o compromisso com os oprimidos como fundamentos do pensar e fazer a educação ambiental. (TOZONI-REIS, 2004).
Finalmente, o importante é desenvolver nos alunos uma postura crítica em relação as informações que eles possuem sobre o tema. A partir daí, a visão deles sobre questões ambientais se tornará mais ampla e, portanto, mais segura diante da realidade vivenciada.

Referências
ANDRADE, M. C. O Rio Mamanguape. João Pessoa: Editora Universitária, 1997.
PENTEADO JR, O. A. “O ensino da geografia”. In: Revista Orientação nº 6. Resgatando textos antigos. São Paulo: Instituto de Geografia/Departamento de Geografia – Universidade de São Paulo, novembro, 1985, p. 113-121.

VASCONCELOS, J. L; GEWANDSZNAJDER, F. Programas de Saúde. São Paulo: Ática, 1983.

TOZONI-REIS, M. F. C. Educação Ambiental: natureza, razão e história. Campinas: Autores Associados, 2004.


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